O evento (FYSEE) patrocinado pela Netflix em Hollywood foi realizado para apoiar a indicação de "Springsteen On Broadway" ao Emmy.
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Nov. 5, 2018 |
Com uma amizade vinda desde o fatídico encontro no The Roxy em 1975, Bruce Springsteen e Martin Scorsese compartilharam o palco em Los Angeles domingo à noite para uma ampla conversa sobre tudo, desde suas formações católicas e amadurecimento da fé, até Flannery O'Connor, documentários de shows e o papel do público.
Um Springsteen sincero riu de si mesmo enquanto se preparava para fechar a noite e encantar a plateia com uma performance ao vivo de "Dancing in the Dark" dizendo que ele estava "aqui hoje implorando votos para completos estranhos."
Mas que melhor maneira de pedir isso senão com uma performance nostálgica e uma conversa sincera sobre criatividade e fé com um dos maiores cineastas vivos? E eles não perderam tempo para chegar nas coisas mais sérias.
"Todo o meu trabalho foi instruído pelos meus anos na escola Católica," Springsteen disse de início para a imprensa e uma plateia intimista de eleitores do Emmy. "Toda a redenção, condenação, todos os filmes do Martin Scorsese... A medida que fui envelhecendo eu parei de lutar contra isto. Agora eu uso e aproveito. Não há nada melhor para usar do que os mitos do catolicismo. Está tudo lá."
Ele disse "Caminhos Perigosos" em particular era perfeito "para um coroinha como eu".
Scorsese respondeu que mesmo o seu próximo filme pela Netflix, "O Irlandês," lida com a mesma coisa, "Confiança, lealdade, traição e fé."
Os dois disseram que encontraram inspiração na histórias de Flannery O'Connor (Scorsese recomendou as cartas dela para o Chefe) e Springsteen contou que sempre achou "a escuridão mais interessante que a luz." Ele conectou isso com outros artistas que ele considera interessantes, de Hank Williams até Bob Dylan e Robert De Niro, que ele diz ter "um rosto de duas horas".
"É tipo: 'O que está incomodando aquele cara? Algo está incomodando aquele sujeito,' Springsteen disse. "Essas são as coisas que nos mantém assistindo. É por isso você consegue assistir a cara do De Niro por duas horas e não quinze minutos. Ela nunca larga dos seus segredos.
Scorsese complementou dizendo que as plateias geralmente estão procurando por respostas, mas a arte que ele persegue é do tipo que não as fornece, e ambos encontraram nisso similaridades em como eles experienciam a fé a medida em que amadurecem.
Os dois eventualmente discutiram sobre "Springsteen On Broadway," que nasceu por acidente, após o ex-presidente Barack Obama pedir a ele para tocar na Casa Branca nas últimas semanas de sua administração. Springsteen decidiu combinar a performance com a narração de histórias — ele tinha acabado de escrever um livro de memórias e estava tudo fresco — e isso foi o que eventualmente se tornou o show na Broadway e o filme na Netflix.
Tal como "O Último Concerto de Rock" de Scorsese, "Springsteen On Broadway" não exclui a plateia. O diretor, Thom Zimny, pra começar nem ao menos queria uma plateia, mas Springsteen protestou.
"Eu disse, 'Bem, e quem é que vai rir das minhas piadas?' " ele disse.
Eles então chegaram a um meio termo.
"(Nós) não queríamos telegrafar ao espectador o que ele deveria sentir," Springsteen contou.
O filme foi gravado ao longo de duas noites, a primeira noite na qual Springsteen admitiu ter estragado pois ele estava no palco "Pensando no que eu estava fazendo... Quando você está muito consciente de si, você não está ali."
E ele estava buscando o "rosto de duas horas" do De Niro, ou algo que manteria a audiência interessada mesmo que no coração dela fosse apenas "um cara velho e um violão."
Ele também usou monólogos e histórias para ajudar a contextualizar as músicas que o mundo conhece tão bem e "deu a plateia significado renovado."
"Na medida em que as músicas seguem os monólogos é como se você nunca tivesse escutado elas antes," Scorsese disse.
Springsteen dedicou sua performance de "Dancing In The Dark" para sua mãe, que completou 93 anos e está há 9 com Alzheimer e não fala, mas ainda ama dançar.
"Ela dança para sobreviver," Springsteen contou. "Então amarre os seus sapatos de dança e vá em frente."
Matéria Original em: https://www.americamagazine.org/politics-society/2019/05/06/bruce-springsteen-and-martin-scorsese-talk-catholicism-films-and
1 Comentários
É Bruce! Uma história de vida, o tempo passa e agente vai mudando, uns para melhor e outros ... mas o nosso maior cantor com certeza para melhor!!!
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