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| Bruce Springsteen em Joe Louis |
Depois de apresentar os shows em Chicago '85 e Helsinki '12 e Barcelona'16, a série Relembrando Shows comemora o 34º aniversário do álbum Tunnel Of Love indo até um dos shows mais marcantes daquela turnê. O show completo daquele 28 de março de 1988 em áudio e transcrições das falas do Chefe você pode acompanhar ao vivo no Youtube da Bruce Springsteen Brasil neste link a partir das 21h15.
A história do concerto é contada abaixo por Gary Graff, testemunha ocular daquela noite.
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Esteja ele interpretando um "Covarde" quando se trata de amor, um cara que é "Mais Durão que os Outros" ou um largado que é "Nascido Pra Fugir", Bruce Springsteen tem conquistado uma nova imagem para si mesmo - a de alma gritante do final dos anos oitenta.
Parte da mágica de seguir uma turnê de Bruce Springsteen & The Street Band, para aqueles que tem a oportunidade de participar de uma, é assistir como o show evolui enquanto a turnê avança. Sua épica turnê "Born In The USA", por exemplo, cresceu de um estimulante passeio do rock and roll para uma dissertação política ao longo que Springsteen ia ajustando o repertório até as últimas apresentações.
A atual "Tunnel Of Love Express" vem passando pelo mesmo processo. Quando estreou há cinco semanas em Worcester, era um refletivo e sóbrio olhar para o envelhecer, o estabelecer e ao aceitamento de responsabilidades, até por que não incluía as sempre tocadas "Thunder Road" e "Badlands".
Embora o repertório tenha se mantido o mesmo desde então, o show tem se tornado mais solto, mais espiritual e mais focado. E na noite de segunda-feira na Joe Luis Arena - a primeira de duas noites de ingressos esgotados ali - parecia uma viagem sexy, exaustiva dos anos 60 (30 músicas em 3 horas e meia) sob as provações, tribulações e benefícios do amor feita na melhor tradição de James Brown, Wilson Pickett e Jackie Wilson.
Estava na música - do arranjo Rhythm 'n' Blues tocado pelo seção de metais de cinco pessoas - e impregnado nos movimentos de palco de Springsteen. Ele oferece as ladainhas dos clássicos gestos do soul, desde braços erguidos ao alto até o dobrar de joelhos e giros; ele ainda conseguiu inventar vários gestos próprios - que se diga o rolar de ombros no chão durante a versão de "Raise Your Hand" do Eddie Floyd.
Sensualidade, um elemento chave na soul music, foi também abundante na performance de Springsteen, mais do que sempre foi. Às vezes era cafona, mas em outras era coisa séria com mais energia sexual do que uma sala cheia de strippers homens. Mesmo de pé, respirando profundamente e encarando a plateia envolvido em luzes pastéis, Springsteen exalava um calor que podia quase ser sentido.
Tudo isso deu ao show um espírito leve e alegre que ajudou a emoldurar sua mensagem. O roqueiro de Nova Jérsei estava em pleno comando das emoções que queria apresentar, fazendo transições bem amarradas desde a inocência de "All That Heaven Will Allow" até a voz experiente de "Tunnel Of Love", "One Step Up" e "Glory Days", até a tintura política de "War", "Born In The USA", "Seeds", "Roulette" e a não-gravada e com a pegada reggae, "Part Man, Part Monkey".
Teve também muitos momentos de festa, quando ele e a banda tocaram várias das mais pedidas pela plateia como "Dancing In The Dark", "Light Of Day", "Hungry Heart", "Rosalita", "Sweet Soul Music", do Arthur Conlee e "Love Me Tender" do Elvis Presley.
Mas se alguém estivesse perdido, Springsteen tratou de costurar os pontos antes de sua comovente versão acústica de "Born To Run". Quase quinze anos depois de ter escrito ela, ele disse que a canção sobre duas pessoas que "queriam correr e continuar correndo" é agora sobre "duas pessoas procurando por um lugar melhor... um lar, algo permanente."
Nos bastidores depois do show - que foi filmado pela estação de TV MTV - membros de sua comitiva reconheceram à amigos que foi de longe uma das melhores noites da turnê até então. As quase 19.800 pessoas no Joe Louis certamente concordariam, e foi fácil de acreditar, Springsteen encontrou novo terreno musical, e na segunda-feira à noite pareceu e soou extremamente fértil.
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